sexta-feira, 18 de novembro de 2011

União, Estado e especialistas destacam prejuízos ambientais


Órgãos federais e estaduais se manifestaram sobre o vazamento de petróleo no Campo de Frade, na Bacia de Campos, ocorrido no último dia 8 de novembro.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse nesta quinta-feira (17) que o governo está cobrando rigor na fiscalização das ações de contenção do vazamento de óleo no Campo de Frade, na Bacia de Campos. 

Segundo o ministro a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) deve aplicar os "corretivos decorrentes da lei” à empresa Chevron Brasil Upstream, responsável pela exploração do campo.“Se a Chevron não está cumprindo o papel dela, mais severamente punida ela será”, avisou o ministro. Para ele, o vazamento não é tão grave porque o óleo não está se espalhando na direção  da costa fluminense. “Obviamente, não é uma coisa boa, mas não tem também a gravidade que se anuncia”, disse.

O secretário estadual do Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, disse nesta quinta-feira (17/11) que acompanha com preocupação os desdobramentos do vazamento de petróleo no Campo de Frade, a responsabilidade pela exploração da área é da empresa Chevron Brasil Upstream. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgou nota nesta quinta informando que vai autuar a Chevron pelo vazamento de petróleo. A nota diz que especialistas do Ibama estiveram no local do acidente e acompanham diretamente o caso.

De acordo com Minc, a região faz parte da rota migratória de baleias, como a jubarte, e golfinhos, que podem ser prejudicados.


“Estamos realmente preocupados. Nesta época do ano, esses animais vêm do norte para o sul em busca de local para reprodução e de um tipo de camarão, do qual eles se alimentam. Além disso, há um fenômeno natural chamado corrente rotor, que é perto da região do acidente e que, como um liquidificador, leva o que chega ali para perto de Arraial do Cabo e de Búzios”, disse.

O secretário sobrevoará a região nesta sexta-feira (18/11), em helicóptero da Marinha. Ele destacou que três equipes do governo estadual monitoram o litoral norte fluminense para identificar manchas de óleo que possam ter sido trazidas pelas correntes marítimas.

Carlos Minc também disse que os impactos do vazamento reforçam a necessidade de que sejam mantidas as regras atuais de distribuição dos royalties do petróleo apenas para os estados e municípios produtores, como forma de garantir a compensação por danos ambientais. “Se esse óleo chegar à praia não vai chegar a Rondônia ou ao Tocantins, mas a Arraial do Cabo, a Rio das Ostras e a Campos dos Goytacazes”, ressaltou.


PREOCUPAÇÃO AMBIENTALISTAS

Em entrevista ao Site R7, o ambientalista Aristides Sofiati, da Universidade Federal Fluminense (UFF) disse temer que a ansiedade com a grande quantidade de poços de petróleo na região faça com que as empresas fiquem menos atentas a segurança nas escavações. “O vazamento do poço já contaminou toda a área”, disse.

Ele lamenta que esses reflexos serão sentidos por muito tempo. “A área vai ficar marcada, independentemente do sucesso dos trabalhos de limpeza da empresa. Toda a cadeia alimentar está comprometida. Os animais que não morrerem em consequência direta do contato com o óleo, irão morrer de fome ou procurar alimento em outra área, deixando a região morta”, informou.

Já o biólogo Mário Moscatelli, do Rio de Janeiro, acrescenta que a tragédia ambiental também mostra a importância do Estado do Rio de Janeiro receber um percentual maior no pagamento dos royalties do petróleo. “Se a mancha chegar nas praias de Macaé, quem vai ter que arcar com a recuperação do litoral não vai ser o governo dos Estados do Norte ou Nordeste do país, mas os governos do Rio de Janeiro e de Macaé”, ressaltou.

De acordo com o biólogo, as baleias vão ser as principais vítimas. “Elas estão em período de migração para o Sul do país e, se a mancha de óleo estiver no caminho, podem adoecer com o contato ou ficar desorientadas. De qualquer maneira, elas serão afetadas”, acrescentou.

AÇÃO IBAMA

A assessoria de imprensa do Ibama informou que os técnicos foram ao acidente e que acompanham todo o processo. Na tarde desta quarta-feira, eles se reuniram para avaliar o andamento dos trabalhos. E nesta quinta-feira (17/11) o órgão divulgou uma nota dizendo que vai autuar a Chevron pelo vazamento de petróleo no Campo de Frade.

Segundo a nota, a Chevron será autuada assim que o poço for fechado, porque "o valor da multa é proporcional ao dano ambiental causado. E esse dano somente poderá ser mensurado ao final dos trabalhos".

A Polícia Federal também se manifestou sobre o caso nesta quarta-feira (16/11), o delegado Fabio Scliar, titular da Delegacia de Meio Ambiente da Polícia Federal determinou a abertura de inquérito para investigar o vazamento de petróleo na Bacia de Campos. Segundo ele a responsabilidade pela exploração da área é da empresa Chevron Brasil.


VAZAMENTO

O vazamento foi descoberto na noite da última quarta-feira (08/11). De acordo com a empresa, ele teria sido causado por uma rachadura no solo. Além da tentativa de tapar o buraco com lama pesada e cimento, boias de contenção tentam impedir o deslocamento da mancha e absorver o óleo.

A Chevron Brasil  Upstream enviou nota à imprensa informando que esta em anadamento a operação de cimentação para vedar um poço de avaliação localizado nas proximidades do campo Frade.

A empresa também confirma que jamais ocorreu qualquer fluxo de óleo pela cabeça do poço e que o monitoramento mais recente indica que o óleo das linhas de exsudação próximas do fundo do oceano reduziu-se a um gotejamento ocasional.

A estimativa atual situa o volume  de óleo na superfície do oceano abaixo de 65 barris.

A mancha está localizada a cerca de 120 quilômetros do litoral e continua movendo-se em uma direção sul-leste, afastando-se da costa brasileira.

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou que começou nesta quarta-feira (16/11) o processo de cimentação do poço.

Fonte: Redação / ABr / R7

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