quinta-feira, 23 de maio de 2013

Riscos e benefícios da exploração do gás natural


O gás natural, sem cheiro e sem cor, não tóxico, é na realidade uma mistura de compostos chamados hidrocarbonetos. Ele pode ser classificado em associado e não associado. O gás associado é aquele que, no reservatório, se encontra dissolvido no petróleo ou sob a forma de uma capa de gás. Neste caso, normalmente privilegia-se a produção inicial do óleo, utilizando-se o gás para manter a pressão do reservatório. O gás não associado é aquele que está livre do óleo e da água no reservatório, e sua concentração é predominante na camada rochosa, permitindo a produção basicamente de gás natural.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o gás natural produzido no Brasil é predominantemente de origem associada ao petróleo (73%) e, segundo dados mais recentes da Agência Nacional do Petróleo (ANP), de um total aproximado de 474 bilhões de m3 de gás natural, 78% das reservas provadas nacionais se encontram no mar (campos offshore), e o restante (22%) se localiza em campos terrestres (onshore). A maior oferta de gás natural no Brasil está na bacia de Santos, no Espírito Santo, e na bacia de Campos, no Rio de Janeiro, que hoje concentra aproximadamente 44% da produção deste recurso no Brasil.
O uso desta fonte de energia oferece menos riscos à natureza do que outros combustíveis mais tradicionais, como o petróleo. Por exemplo, quando consumido, emite menores emissões de CO2 por unidade de energia gerada (cerca de 20 a 23% menos do que o óleo combustível, e 40 a 50% menos que os combustíveis sólidos como o carvão) e, com isso, acarretando em pequena exigência de tratamento dos gases de combustão. Também há maior facilidade de transporte e manuseio, o que contribui para a redução do tráfego de caminhões que transportam outros tipos de combustíveis; não requer estocagem, eliminando os riscos do armazenamento de combustíveis; e é naturalmente mais leve que o ar, evitando contaminações em casos de vazamentos, já que a tendência é de se dissipar na atmosfera.
Porém, como todo combustível fóssil, existem também as desvantagens em relação ao seu uso. Um dos grandes problemas, por exemplo, de uma usina a gás natural é a necessidade de um sistema de resfriamento, cujo fluido refrigerante é geralmente a água. Nas centrais de geração termelétrica, os maiores volumes de água (que podem chegar a 90% do total usado na instalação) são utilizados no sistema de resfriamento, o que constitui uma significativa pressão sobre o meio ambiente, pois os volumes captados são enormes e ainda existem as perdas por evaporação, implicando em mais gasto de água.
Outro impacto ambiental importante relacionado ao uso do gás natural para a produção de energia são as emissões atmosféricas. Os principais poluentes atmosféricos emitidos pelas centrais termelétricas a gás natural são dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio e, em menor escala, monóxido de carbono e alguns hidrocarbonetos. É claro que a quantidade de emissões de poluentes atmosféricos emitidos pelas usinas depende das características do gás natural queimado e das condições da reação de combustão. Por exemplo, no caso brasileiro, a emissão de óxidos de enxofre (SOx) é menos preocupante, pois o gás natural praticamente não contém enxofre em sua composição, em função das especificações estabelecidas pela ANP.
O teor de nitrogênio contido no gás também influencia nas emissões de óxidos de nitrogênio (NOx). A emissão de NOx é decorrente tanto de mecanismos térmicos quanto da composição do combustível. Isto significa que, mesmo não contendo o elemento na sua composição química, a queima de gás natural pode produzir NOx devido à reação com o nitrogênio atmosférico presente no ar de combustão. A emissão deste poluente gera como principal consequência a acidificação da água das chuvas e a deposição de sulfatos e nitratos sólidos no ambiente.
A autora
Rachel Ann Hauser Davis é bióloga, Doutora em Química Analítica pela PUC-Rio, professora visitante da UNIRIO e pesquisadora da PUC, UERJ e UNIRIO.

Fonte: NN - A Mídia do Petróleo

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