terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Foz do Amazonas desperta interesse de petroleiras



A disputa pelos blocos da Bacia da Foz do Amazonas, no extremo norte do país, promete ser a mais acirrada da 11ª rodada de licitação de blocos exploratórios de óleo e gás, que será promovida pelo governo federal em maio. O motivo é a descoberta, no litoral da vizinha Guiana Francesa, praticamente ao lado da bacia brasileira, de grandes reservatórios exploráveis de petróleo.
Em sigilo, as grandes petroleiras articulam sociedades para concorrer às áreas ofertadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). De olho no súbito interesse despertado nas companhias pelas jazidas de óleo e gás presumivelmente escondidas no subsolo marinho do litoral do Amapá, o governo aumentou de 172 para 289 os blocos a serem leiloados. Das 117 novas áreas, 65 estão na Bacia do Foz do Amazonas, o início da chamada margem equatorial brasileira.
A formação de consórcios para explorar a bacia tem mobilizado os executivos das petroleiras desde o ano passado. Esse processo foi acelerado pela descoberta na Guiana. A Petrobrás, com a experiência de 43 anos de fracassos na bacia, tem interesse nos blocos e finaliza parcerias com companhias internacionais empenhadas em renovar seus portfólios brasileiros.
O secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, creditou explicitamente o aumento da oferta de blocos na bacia à proximidade dos campos guianenses. "Houve indicações de possíveis descobertas importantes na Guiana, a 50 quilômetros da fronteira com o Brasil. Então, a área brasileira também tem potencial para descobertas", afirmou o secretário.
Descoberta. O petróleo apareceu pela primeira vez na Guiana Francesa em 2011. O consórcio formada pelas companhias Tullow Oil, Total e Shell anunciou a presença, em águas profundas, no campo de Zaedyus, de um reservatório importante de óleo de boa qualidade.
Nem mesmo o fracasso da prospecção de um segundo poço no campo, no ano passado, arrefece o entusiasmo das empresas interessadas em disputar área da Foz do Amazonas no leilão da ANP. "O bloco da Guiana Francesa permanece altamente prospectivo e ainda oferece um excelente potencial para exploração com sucessos múltiplos", diz o comunicado divulgado pela britânica Tullow Oil.
A descoberta na Guiana Francesa foi saudada pelas instituições financeiras que analisam a indústria do petróleo. Para o Bank of America-Merrill Lynch, o achado "abre uma bacia totalmente nova" na América do Sul e Caribe. O Royal Bank of Scotland demonstrou otimismo com a descoberta ao comentar, em nota, que o conteúdo do reservatório de petróleo "provavelmente excede a maioria das expectativas".
O geólogo brasileiro Pedro Victor Zalán, consultor em exploração de petróleo, avalia que "a imensa faixa marítima de águas profundas (acima de 600 metros de lâmina d'água) em frente do Amapá, Pará, Maranhão e Piauí encontra-se hoje entre as áreas mais cobiçadas pela indústria petrolífera mundial". Zalán diz que o campo da Guiana Francesa tem reservatório, de acordo com as estimativas iniciais, de cerca de 800 milhões de barris de óleo recuperáveis. "A Bacia da Foz do Amazonas, sua vizinha muito maior, passou a ser considerada como potencialmente portadora da mesma riqueza. A geologia do litoral da Guiana se estende para a costa do Amapá. Isso está comprovado pelas linhas sísmicas e estudos feitos. Há grande possibilidade de depósitos de petróleo serem encontrados no Amapá. As petroleiras sabem disso."
Em janeiro, a 11.ª rodada, aguardada desde 2008, foi marcada para os dias 14 e 15 de maio. A Bacia da Foz do Rio Amazonas foi contemplada com 96 blocos, indicativo da importância que o governo vem dando à suspeita de que há óleo e gás abundantes nos campos da costa do Amapá.
Os limites da bacia são a fronteira do Amapá com a Guiana Francesa e a Ilha de Marajó, no vizinho Estado do Pará.
Fonte: NN - A Mídia do Petróleo

Um comentário:

  1. Sou amapaense, e o que me preocupa são as negociações que vêm sendo feitas pela União sem ao menos promover uma audiência pública no Estado para que a sociedade do Estado do Amapá possa discutir e tomar ciência dos recursos financeiros que será beneficiado ao Estado e principalmente discutir quais danos ambientais poderá vir a surgir na região, que hoje é a mais preservada da região norte.
    O que me espanta mais ainda é a inércia da bancada de políticos que representam o Estado do Amapá e demais órgãos competentes, em não se posicionarem de maneira efetiva sobre este assunto de relevância para o povo amapaense. Informações que circulam é que os lotes leiloados no litoral do Amapá (os mais disputados e os vendidos em maior valor) já vêm sendo veiculados como pertencentes ao Estado vizinho: o Pará, cujas questões de refinamento do petróleo segundo informações divulgadas será feito lá naquele Estado.
    Surge a pergunta até quando o Estado do Amapá vai continuar sendo visto pelo restante do Brasil como o “fim do mundo” que serve somente para ser distribuidor de commodities cujas riquezas naturais são levadas embora para outros países ou outros Estados do Brasil, e nada se investe no Estado. Até quando o Amapá continuará sendo visto como o quintal (e diga-se de passagem “abandonado”) do Estado vizinho o Pará, ou visto como a “mosca do coco do cavalo do bandido”. Desde o século XVIII, quando se criou na época a Vila de Macapá tudo que era produzido aqui, como o arroz, e até mesmo as chamadas “drogas do sertão” na época eram levado para o Estado vizinho, que na época chamava Grão-Pará. Até o nosso próprio registro documental histórico não se tem aqui no Estado, tudo encontra-se no Arquivo Público do Pará bem como nossos achados arqueólogos levados para os Museus do Pará. Agora até o petróleo da costa amapaense estão dizendo ser do Pará!
    Brasil! Tenha um pouco de alteridade e respeito com a sociedade que vive nesta parte do país, esquecida por muitos de vocês e só lembrada quando há interesses financeiros a serem explorados e levados embora!

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