terça-feira, 17 de julho de 2012

Laudo sobre Chevron abre crise entre peritos da PF, delegado e procurador


O laudo apresentado pela PF (Polícia Federal) na semana passada, relativo ao acidente da Chevron na bacia de Campos, abriu uma crise entre os agentes envolvidos nas denúncias.

Elaborado por peritos da PF e divulgado na quarta-feira passada, o laudo com 70 páginas diz que o óleo vazado foi absorvido pelo subsolo marinho e que, por isso, não houve dano ambiental. O documento foi encaminhado à Justiça para ser anexado ao inquérito entregue em março deste ano ao Poder Judiciário, com base em denúncia do Ministério Público Federal.

O acidente da Chevron ocorreu em novembro de 2011, durante a perfuração de um poço no campo de Frade. Um acidente provocou o vazamento de 3,6 mil barris de petróleo, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

O laudo da PF foi criticado na quinta pelo procurador Eduardo Santos de Oliveira, do Ministério Público Federal de Campos dos Goytagazes. Oliveira se disse "apreensivo" com a conclusão dos peritos da PF que, segundo ele, contradiz pareceres do Ibama, da ANP e do próprio delegado da Polícia Federal Fábio Scliar.

"Pelo teor do documento, torna-se difícil acreditar que o referido representante do Ministério Público Federal tenha realmente compreendido, ou pelo menos lido, todas as 70 páginas do laudo", disse a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais da Polícia Federal, em nota, no sábado.

"No texto do laudo oficial, fica explicitada, de forma clara, a recomendação dos peritos criminais federais para que seja realizado acompanhamento do local do acidente por um período mínimo de três anos, sendo identificados e mensurados possíveis danos ambientais e efeitos tóxicos causados pelo vazamento", disseram.

Os peritos informaram também que por conta do "descontentamento com o resultado do laudo oficial", o delegado Federal Fábio Scliar entrou com representação contra os peritos na Corregedoria da Polícia Federal.

"Tudo isso porque, em seu ponto de vista, ele entendeu que os Peritos Criminais Federais deveriam realizar os exames e produzir respostas da forma que ele determinava, ou seja, em consonância com sua linha investigativa", explica a nota dos peritos.

No dia da divulgação do laudo, o delegado Scliar se disse impedido de falar sobre o assunto pela superintendência da Polícia Federal. Scliar e Oliveira não foram encontrados para comentar a nota da associação de peritos. 


Fonte: Folha

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...