terça-feira, 20 de março de 2012

Problemas no 'estaleiro do norte' são bons para a OSX, diz Eike Batista

A OSX, do empresário Eike Batista, começa a se apresentar como a saída da Petrobrás para remendar problemas com o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) e evitar atrasos na entrega de sondas de perfuração para o pré-sal. Já atolado com descumprimento de prazo na entrega de navios à Transpetro e com uma encomenda bilionária de sondas pela frente, o EAS sofreu um baque nesta semana: perdeu seu sócio com maior know-how no setor, a Samsung. O grupo coreano era a aposta da presidente da Petrobrás, Graça Foster, para evitar atrasos.

"O 'estaleiro no Norte' está enfrentando alguns problemas, o que é bom para nós", disse Eike, ontem, em teleconferência, referindo-se ao estaleiro que, na verdade, está localizado em Pernambuco, na região Nordeste. Eike fazia menção à possibilidade de seu estaleiro (da OSX) no Complexo do Açu entrar no mapa de contratações da Petrobrás para a construção de sondas de perfuração. A estatal encomendou 33 sondas, as primeiras a serem construídas no Brasil, por mais de US$ 26 bilhões.
Hoje, oito estaleiros participam do processo, nenhum ligado ao empresário. A ideia é que Eike construa duas sondas extras que poderiam passar à frente do Atlântico Sul no cronograma de entregas, já que crescem as chances de o EAS atrasar as encomendas.
A Sete Brasil - empresa da qual a Petrobrás é sócia (10%) e com a qual a estatal contratou 28 do total de sondas - já defendeu publicamente uma flexibilização no cronograma de entregas. A Sete Brasil já tem duas sondas coringas em seu portfólio, agora negociadas com a OSX por cerca de US$ 1,6 bilhão. Eike confirmou ontem a negociação. "Estamos por trás", disse.
Segundo o presidente da Sete Brasil, João Carlos Ferraz, não importa de qual estaleiro saiam as sondas, contanto que sejam cumpridos os prazos de entrega, que começam em meados de 2015 e se encerram em 2020. Em média, uma sonda precisa ser entregue a cada oito meses. A presidente da Petrobrás, Graça Foster, também já se mostrou favorável à essa solução.
Boas relações. O discurso de Eike na teleconferência de ontem foi marcado por uma série de referências explícitas à melhora das relações de suas empresas com a Petrobrás, que segundo ele, agora são "ótimas". A inimizade ia da disputa por executivos e investidores a problemas, em 2005, com uma térmica no Ceará que fizeram Eike ameaçar entrar na Justiça contra a estatal.
"Estou muito orgulhoso do relacionamento, que mudou drasticamente". O bilionário avalia que agora há mais transparência no trato com a estatal e diz que não vê por que não fechar negócios com a companhia. "As duas empresas são brasileiras. Por que a Petrobrás só faria acordos com Shell, BP...?", questionou.
Graça apostava na ampliação da pequena participação de 6% do Samsung no EAS como forma a evitar os atrasos. A executiva promoveu encontros com todos os sócios. As construtoras Camargo Corrêa e Queiroz Galvão detinham 47% cada. Mas as negociações foram por água abaixo e o Samsung deixou o negócio. Antes do resultado, Graça declarou, em entrevista ao jornal Valor: Do jeito que está, não sai sonda".
Ontem, Eike reafirmou o compromisso de aumentar o capital da OSX em US$ 1 bilhão. O objetivo da operação, com início previsto no segundo semestre deste ano, é atender aos novos pedidos que a empresa espera receber. Dentre eles, estariam os equipamentos destinados à Petrobrás.

NN Petróleo

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