Soma-se a todos estes fatores o inadmissível mutismo e inação do Ministério de Minas e Energia que, em tempo algum, cobrou dos fabricantes de automóveis uma melhor eficiência dos motores dos veículos que utilizam o etanol como combustível, que, 40 anos após o Pró-álcool, continuam consumindo 30% mais do que aqueles movidos a gasolina.
Em vários artigos que escrevi neste Jornal do Brasil sobre o etanol, esse fenomenal e avançado produto que revolucionou não só o setor energético como também o alcoolquímico (vide o bio-Meg e PlantBottle da Coca-Cola ®, o plástico verde da Braskem ® e outros novos produtos que estão chegando), sempre chamei a atenção para o fato de que, como em outros setores, o sucroalcooleiro teria, a médio prazo, uma concentração de grandes players nacionais e estrangeiros.
Essa concentração já aconteceu em vários setores, e o sucroalcooleiro não ficará fora dela; é uma questão de tempo, pois esse processo faz parte da globalização que exige, cada vez mais, quantidade e preços baixos, ou seja, escala de produção aliada à qualidade.
Vejamos alguns exemplos. A Petrobras já entrou no setor, a Cosan associou-se com a Shell, acrescentemos as multinacionais Tereos, Dreyfus, Bunge, Noble (Hong-Kong), Total e BP.
Soma-se a esses grupos a ETH Bioenergia (associada à japonesa Sojitz), do Grupo Odebrecht, que, desde a sua fundação em 2007, tem como objetivo ser líder no mercado, fato esse que seguramente será alcançado, visto que no comando da ETH está o líder José Carlos Grubisich, que, após passar sete anos como presidente da Braskem, colocou a empresa entre as maiores petroquímicas do mundo.
A ETH (www.eth.com) está investindo R$ 8 bilhões na construção e expansão das nove unidades produtivas (SP, MS, MT e GO) que, em 2012, terão capacidade instalada de moagem de 40 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra, produzirão 3 bilhões de litros de etanol (equivalentes a 51.698 barris de petróleo por dia) e 2,7 milhões MWh de energia por ano, sendo que desse total 20% serão utilizados nas instalações e 80%, comercializados. Essa energia será suficiente para abastecer 1,125 milhão de residências, considerando um consumo médio de 160 KWh/mês.
Senhores, sigamos as palavras do teólogo inglês William George Ward (1812-1882): “O pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude, e o realista ajusta as velas”. A ETH “ajustou as velas” e dá um grande exemplo de que, apesar da crise mundial, é possível fazer com que a bioenergia, limpa e renovável, seja uma alternativa de sustentabilidade.
* Humberto Viana Guimarães, engenheiro civil e consultor, é formado pela Fundação Mineira de Educação e Cultura, com especialização em materiais explosivos, estruturas de concreto, geração de energia e saneamento.
Jornal do Brasil
Jornal do Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário