quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Copom reduz Selic a 7,25% e anuncia fim dos cortes


O Comitê de Política Monetária (Copom), se reuniu ontem (10) em Brasília, para tentar interromper o corte da taxa básica de juros, iniciado desde agosto de 2011. Sem muito sucesso e com votos divididos, o comitê do Banco Central (BC) reduziu a Selic de 7,5% a 7,25% ao ano e afirmou que não haverá mais cortes na taxa de juros durante um bom período. Este foi o décimo corte consecutivo, de 0,25 ponto percentual, anunciado pelo BC.


O mercado financeiro e os economistas também estavam com opiniões divididas quanto ao destino dos juros e a queda da inflação. Em comunicado à imprensa, o Copom afirma que “a estabilidade das condições monetárias  por um período suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma linear”.

Para o diretor presidente do Instituto de Pesquisa Fractal, Celso Grisi, o novo corte irá acelerar ainda mais a inflação, e o ideal seria que o governo não alterasse o valor da taxa. “A redução da Selic é imprudente, mesmo que seja a 7,25%, ela (taxa) deveria permanecer em 7,5%”, diz Grisi.

O economista ressalta que na última medida do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em setembro, houve dois eventos importantes, o primeiro, mostrou claramente que a inflação sofreu uma alta com a escassez de soja, milho e trigo no mundo. Mesmo sendo um fato sazonal, ajudou a construir a elevar a inflação de setembro. Em segundo lugar, houve uma difusão grande da alta de preços dos produtos e subprodutos aferidos pelo IPCA. “Todos ou quase todos os produtos tiveram alta de preços. O vestuário, por exemplo, que não tem nada a ver com trigo, soja ou milho, apresentou alta. O que mostra que já estamos sofrendo uma inflação de demanda”, comenta Grisi.

Grisi relembra que os efeitos da recuperação da economia brasileira estão sendo refletidos somente agora, porque os incentivos oferecidos e as medidas governamentais têm sempre métodos defasados e acumulativos. Segundo Grisi, a demanda começou a crescer e torna-se perceptível o forte avanço da inflação, que chega a 0,53%, e isso alcançando um conjunto de itens que vão além de alimentos. “Se o Governo insistir na política de baixar as taxas de juros, ele vai alimentar essa tendência inflacionária e vai tirar a inflação do centro da meta no primeiro trimestre do ano que vem”, afirma.

Para o início de 2013, Grisi acredita que a Selic sofrerá novamente um recuo, atingindo 7%, logo na primeira reunião do Conselho. De acordo com o economista, este percentual só não será possível se houver um grande ativo na economia mundial que possa obrigar o governo a interromper o ciclo de recuo dos juros da economia. "A tendência do cenário internacional ainda é a desinflação", conclui o executivo.

Desoneração

Um impacto positivo na inflação, citado na reunião de ontem (10) pelo BC, é a desoneração da energia elétrica, que começará em janeiro de 2013. Contudo, o economista diz que a solução do problema brasileiro inflacionário não está associada há um custo maior ou menor da energia elétrica ou qualquer outro insumo. "O grande problema da economia brasileira é fazer com que o governo mantenha as suas contas no lugar. Nos últimos períodos nós deterioramos muito o superávit primário, isto significa que, cada vez mais teremos que girar a dívida pública, e isto gera inflação", finaliza Grisi.


Fonte: NN - A Mídia do Petróleo

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