quinta-feira, 29 de março de 2012

Petrobras não tem poder de aumentar preço dos combustíveis

AMEAÇA  “Um choque repentino nos preços de petróleo ameaçaria a recuperação da fragilizada economia global”, afirmou semana passada a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, salientando a vulnerabilidade de um mundo que está tentando equilibrar os efeitos da crise de dívida soberana da zona do euro. Os contratos futuros do petróleo Brent para entrega em maio estão em torno de US$ 124,00 por barril, mas já atingiram US$ 128 por barril no começo deste mês. Os preços do petróleo chegaram a atingir o recorde de US$ 147 por barril um pouco antes de a crise financeira global de 2008 ter piorado. A França anunciou hoje, 28, que está discutindo com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha a possibilidade de utilizar as reservas estratégicas de petróleo. O objetivo é provocar uma queda no preço dos combustíveis, cuja alta ameaça a atividade econômica e o emprego



CAUSAS  Em entrevista ao NN, o professor do Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ, Alexandre Szklo, falou quais os principais fatores que afetam os preços do petróleo. Para o professor há duas camadas de mercado que contribuem para esses marcadores (WTI e Brent). Um deles é a camada física que deriva do balanço oferta e demanda; e a outra a camada financeira que trata o óleo como um ativo de valor para investimento. Segundo Szklo, no caso da camada física, há motivos para queda de preço devido ao desaquecimento da economia chinesa. Porém, segundo o professor, “estes motivos podem ser conjunturais e pontuais, e serem rapidamente absorvidos, devido à baixa taxa de motorização da China”.

GASOLINA  Já no caso da camada financeira, os agentes têm expectativa de mercado apertado, curto, nos próximos anos, devido a motivos que vão desde a geopolítica dura, quanto às próprias incertezas de investimento em fronteiras de exploração. Logo, há a possibilidade de oscilações para baixo de preço de óleos marcadores, mas a tendência deve ser de alta. A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse semana passada, que o ajuste do preço da gasolina será feito se houver justificativa. A hipótese de que a Petrobras reajustaria o preço do combustível para se aproximar dos níveis internacionais ganhou força com o recente incremento do petróleo, cuja cotação superou a faixa de US$ 120 por barril.

REAJUSTE  De acordo com o Sklo, o preço na refinaria (ex-refino, ou de faturamento) deverá subir se a alta persistir. “Normalmente a Petrobras absorve as oscilações de preço, mas reajusta a tendência com certa defasagem temporal. Ela amortece os movimentos bruscos, mas tende a seguir os movimentos de tendência, como deve ser, na medida em que o petróleo e os derivados têm custo de oportunidade, e seus preços refletem também a elevação de custos da cadeia petrolífera”, respondeu. Para o professor, no caso da bomba, não necessariamente os preços deverão subir, isto depende dos tributos que incidirão nos derivados, sobretudo a Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (CIDE). Normalmente o Governo usa a CIDE para controle da inflação, o que é mais correto de fazer com o diesel, mas não é muito justificável no caso da gasolina. “Neste caso a questão não se refere a Petrobras, diretamente, mas à política econômica do governo (Ministérios da Fazenda, Banco Central e Ministério do Planejamento, sobretudo)”, concluiu.

Fonte : NN - A Mídia do Petróleo

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