segunda-feira, 5 de março de 2012

Estudo aponta que a produção do gás de xisto ganha força no cenário mundial

De acordo com o estudo "Shale Gas - A Global Perspective", realizado pelo Instituto de Energia da KPMG Global, o aumento da produção do Shale Gas (gás natural produzido a partir do xisto), nos próximos anos, pode mudar o mercado de energia no mundo e torná-lo a principal fonte de energia renovável. O estudo destaca o potencial do produto para transformar a indústria, já que pode tornar alguns países autossuficientes e mudar o cenário atual de oferta e demanda de energia. O levantamento coloca o Brasil, num futuro próximo, no segundo lugar como o maior produtor deste insumo, depois dos Estados Unidos.

O material aborda ainda o estado atual de desenvolvimento e crescimento do insumo em vários países do mundo, incluindo o Brasil, e constatou que 93% dos executivos entrevistados sobre o assunto acreditam que as empresas estarão dispostas a investir no desenvolvimento desse insumo, e que 77% concordam que o termo "mudanças no jogo” (game changer) aplica-se a essa realidade numa referência à mudança de papéis entre importador para exportador. Ainda de acordo com a pesquisa, a demanda por essa fonte de energia será impulsionada por dois fatores: o aumento da população mundial e o crescimento da demanda por energia que, em 2030, será  40% maior, de acordo com dados divulgados pela Agência Internacional de Energia (AIE).

“O shale gas está tornando o mercado mundial de energia mais competitivo e ampliando presença em vários países, uma vez que novas tecnologias para a extração estão sendo desenvolvidas. A produção poderá transformar países que tradicionalmente importam gás em produtores. E várias empresas vêm demonstrando a intenção de utilizar o insumo como forma de abastecer as suas unidades”, analisou Manuel Fernandes, sócio da KPMG no Brasil e líder para a área de Petróleo e Gás.

O levantamento identifica detalhadamente as condições atuais e as perspectivas para a produção do shale gas no Brasil, Estados Unidos, Canadá, Argentina, Austrália, China e alguns países da Europa Oriental e Ocidental. A pesquisa esmiuça os cinco principais riscos que poderiam afetar a viabilidade da produção desse insumo e ainda traz um mapa com a distribuição global desse recurso e a reserva estimada em cada um desses paises.

Em relação ao Brasil, o estudo afirma que o país tem potencial para ser o segundo maior produtor depois dos Estados Unidos, mas destaca que tem havido pouco interesse e falta de investimento na exploração do recurso. Segundo a AIE, o Brasil aparece em 10° lugar entre os países produtores de shale gas no mundo, com reservas estimadas de 226 trilhões de metros cúbicos. Depois dele, aparecem apenas a Polônia e a França. Nas três primeiras posições estão a China (1.275 trilhões de metros cúbicos), Estados Unidos (8620) e Argentina (774).

De acordo com as previsões do Energy Information Administration (EIA) norte-americano, a produção de shale gas nos Estados Unidos vai quadruplicar entre 2009 e 2035.

“Um dado interessante apresentado no estudo é que alguns países, como a China, estão dispostos a promover a produção do shale gas, a fim de se tornar mais autossuficientes e para atender às demandas crescentes da energia. Na Argentina, ele vem sendo apontado como uma opção para reduzir os problemas de racionamento. Aqui no Brasil, a produção vem sendo na ordem de 14 mil toneladas por ano, em média, nos últimos 10 anos, demonstrando o baixo investimento na produção deste recurso”, analisa Manuel Fernandes.

Apesar de aparecer de forma abundante em alguns países, ser mais barato do que o gás natural e ser considerado o combustível da transição de uma matriz energética suja para uma mais limpa por reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o shale gas ainda enfrenta resistência em algumas regiões. O levantamento enumera os riscos ambientais que podem ser encontrados durante o processo de fraturamento hidráulico que é feito para a extração do gás.

Tn Petróleo

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