segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Campos resguarda-se de embate com Rio e ES


Durante todo o ano passado, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), defendeu com afinco os interesses dos Estados não produtores de petróleo nos calorosos embates sobre o modelo de distribuição dos royalties do pré-sal. Na época, chamaram a atenção as trocas de provocações com o governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, que ao lado de São Paulo e Espírito Santo forma o time dos produtores.

Em 2011, contudo, o pernambucano vem optando pelo resguardo. Em nome do bom andamento das negociações para um acordo, já aprovado no Senado, Campos só pretende se manifestar sobre o tema após a validação das novas regras pela Câmara dos Deputados. Essa é a tese oficial. Outra explicação para a nova postura pode ser uma estratégia de não "se queimar" com os eleitores fluminenses, capixabas e paulistas, tendo em vista as ambições nacionais do governador.
Questionado sobre a adoção de um comportamento que não marque o governador como "inimigo do Rio de Janeiro", um interlocutor preferiu uniu as duas justificativas: "Tem isso também". Segundo a fonte, Campos acredita agora que a manutenção do debate acalorado só vai prejudicar o andamento das negociações para um acordo que agrade a todos. "Ele sabe da importância que essas receitas têm para os Estados produtores e defende que sejam preservados todos os direitos adquiridos por esses Estados", afirmou a fonte.
O governador de Pernambuco, no entanto, foi um dos defensores da Emenda Ibsen, vetada no ano passado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que prevê uma redução ainda mais acentuada nas receitas dos Estados produtores. "A Emenda Ibsen é o bode na sala. Era um mal necessário para incentivar o diálogo", explicou a fonte.
Hoje Campos advoga a proposta aprovada neste mês pelo Senado, pela qual os produtores vão perder menos do que na Emenda Ibsen. Os Estados perdem R$ 3,6 bilhões no próximo ano e a União, R$ 2,5 bilhões. Os não produtores, por este acordo, ganham R$ 8 bilhões em 2012.
Ele continua criticando, entretanto, o fato de que alguns Estados e municípios produtores dependem dos royalties para pagar suas contas, o que é equivocado, a seu ver, por tratar-se de um recurso finito.
Presidente nacional do PSB, Eduardo Campos tem entre os seis Estados governados por seu partido o Espírito Santo, de Renato Casagrande. Ferrenho defensor de seus poços de petróleo, o capixaba tem um peso importante no PSB, visto que foi eleito, assim de Campos, com uma das votações mais consagradoras da eleição de 2010. Apesar das diferenças de pensamento sobre os royalties, a versão em Pernambuco é de que a relação entre os dois é a melhor possível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...